Garua |
Tango - Versão |
Aníbal Troilo / Cadicamo - L. Marques |
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A noite morna é um vazio, tão frio, |
O vento arrasta um estranho, lamento, |
Parece um poço de sombra, a noite, |
E eu na sombra caminho, tão lento, |
Entretanto, a garoa, se amontoa, |
Amaldiçoa o meu coração, |
E nesta noite tão fria, vazia, |
A mesma antiga saudade, me invade, |
E por mais que queira odia-la, |
Deseja-la e olvida-la eu a quero mais, |
Garoa, ando triste pela rua, |
Levo o coração ferido, |
Soluçando inconformado, |
Sofrendo, vendo, o anseio mais querido, |
De repente destroçado, |
Perdido, sou um fantasma pelas sombras, |
E outra sombra procurando, |
Garoa, tristeza, |
Só me resta sofrer e chorar ! |
A noite é um charco de tédio e de frio, |
Ninguém se arrisca a passar pela esquina, |
Na rua escura vagando com o vento, |
Só mesmo a chuva, tão fria e tão fina, |
E a minh'alma que é um destroço, |
Que eu carrego como posso, |
Esperando o fim, |
As gotas caem num charco, em minh'alma, |
Na solidão se afogando, sem calma, |
E aumentando o meu tormento, |
Cai a chuva, sopra o vento, |
Já não posso mais !... |
C
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