sábado, 20 de agosto de 2016

Garua

Tango - Versão

Aníbal Troilo / Cadicamo - L. Marques

* * * * * * * * * * *

A noite morna é um vazio, tão frio,

O vento arrasta um estranho, lamento,

Parece um poço de sombra, a noite,

E eu na sombra caminho, tão lento,

Entretanto, a garoa, se amontoa,

Amaldiçoa o meu coração,

E nesta noite tão fria, vazia,

A mesma antiga saudade, me invade,

E por mais que queira odia-la,

Deseja-la e olvida-la eu a quero mais,

Garoa, ando triste pela rua,

Levo o coração ferido,

Soluçando inconformado,

Sofrendo, vendo, o anseio mais querido,

De repente destroçado,

Perdido, sou um fantasma pelas sombras,

E outra sombra procurando,

Garoa, tristeza,

Só me resta sofrer e chorar !

A noite é um charco de tédio e de frio,

Ninguém se arrisca a passar pela esquina,

Na rua escura vagando com o vento,

Só mesmo a chuva, tão fria e tão fina,

E a minh'alma que é um destroço,

Que eu carrego como posso,

Esperando o fim,

As gotas caem num charco, em minh'alma,

Na solidão se afogando, sem calma,

E aumentando o meu tormento,

Cai a chuva, sopra o vento,

Já não posso mais !...
C

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